Uma pequena insatisfação circula pelos círculos semi-ilustrados do país. Apesar do desprezo que muitos dizem sentir pelo programa Big Brother Brasil, a vitória do participante Dourado foi recebida com algum pesar e revolta. Os mais exaltados exclamam desconsolados: “Foi uma vitória do preconceito, do machismo”; “Eis a demonstração nua e crua da ignorância do brasileiro e de sua aversão pela diversidade”. Certamente o leitor em algum momento deve ter ouvido frases desse tipo. O mais engraçado é ouvi-las da boca daqueles que até então ostentavam um desdém aristocrático, e que agora, a julgar por sua revolta e insatisfação, parecem atribuir ao programa uma relevância surpreendente.
Cá do meu canto, não vejo derrota de nada, nem prova de aversão alguma. Vejo apenas ressentimento. A meu ver, a vitória de Dourado, sua popularidade instantânea, se deve ao ressentimento de uma parcela dos heterossexuais em relação à visibilidade política e publicitária que os gays conquistaram nos últimos anos. Uma reação. O patético é constatar que essa reação se encarnou no clichê da masculinidade, isto é, o que esta tem de mais estúpido, pobre e rude: a virilidade tosca e deseducada dos arrotos e das cusparadas, o ar hostil e ameaçador dos murros e pontapés.
O clichê, isto é, a imagem ou a representação simplificada e homogeneizante de algo, serve para fazer com que percebamos somente aquilo que nos interessa. Ou seja, aquilo que se alinha com nossas expectativas e exigências psicológicas, segundo os interesses – reativos - em questão. Não importa a ignorância, a asneira, os preconceitos, a inteligência rala; no clichê somente se ver o que une, o que congrega, o comum, portanto, os elementos homogeneizantes, e não o que complexifica e problematiza.
O êxito do brother Dourado é, na verdade, a reação ressentida de segmentos que, de uns anos pra cá, viram-se confrontados com uma diferença que deixou o armário e o silêncio para a algazarra das ruas, dos filmes e programas de televisão. Uma diferença que foi paulatinamente recoberta com direitos e mecanismos de defesa e proteção pelo Estado, assegurando seu direito à visibilidade e dignidade, e que, também, ganhou um lugar de reconhecimento, cada vez mais expressivo, no mercado e no âmbito da cultura pop e do entretenimento.
Cá do meu canto, não vejo derrota de nada, nem prova de aversão alguma. Vejo apenas ressentimento. A meu ver, a vitória de Dourado, sua popularidade instantânea, se deve ao ressentimento de uma parcela dos heterossexuais em relação à visibilidade política e publicitária que os gays conquistaram nos últimos anos. Uma reação. O patético é constatar que essa reação se encarnou no clichê da masculinidade, isto é, o que esta tem de mais estúpido, pobre e rude: a virilidade tosca e deseducada dos arrotos e das cusparadas, o ar hostil e ameaçador dos murros e pontapés.
O clichê, isto é, a imagem ou a representação simplificada e homogeneizante de algo, serve para fazer com que percebamos somente aquilo que nos interessa. Ou seja, aquilo que se alinha com nossas expectativas e exigências psicológicas, segundo os interesses – reativos - em questão. Não importa a ignorância, a asneira, os preconceitos, a inteligência rala; no clichê somente se ver o que une, o que congrega, o comum, portanto, os elementos homogeneizantes, e não o que complexifica e problematiza.
O êxito do brother Dourado é, na verdade, a reação ressentida de segmentos que, de uns anos pra cá, viram-se confrontados com uma diferença que deixou o armário e o silêncio para a algazarra das ruas, dos filmes e programas de televisão. Uma diferença que foi paulatinamente recoberta com direitos e mecanismos de defesa e proteção pelo Estado, assegurando seu direito à visibilidade e dignidade, e que, também, ganhou um lugar de reconhecimento, cada vez mais expressivo, no mercado e no âmbito da cultura pop e do entretenimento.
Alyson Thiago F. Freire
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