segunda-feira, 1 de março de 2010

'O PT deve colar no lulismo’, afirma a economista Maria Conceição Tavares


Lula desfruta de enorme popularidade no subproletariado, algo que o PT nunca conseguiu, e se o partido quiser continuar crescendo precisa colar em Lula. A tese é defendida pela economista Maria Conceição Tavares em entrevista à revista Teoria e Debate, janeiro/fevereiro 2010.

Segundo ela, quem cresceu nos últimos anos foi Lula e não o partido. Na opinião da economista, “com o enorme crescimento da urbanização, aumenta muito o subproletariado, então ficamos na base das figuras carismáticas e um certo bonapartismo”. Na análise de Conceição Tavares, Lula é popular entre os pobres porque “Lula é o próprio popular”.

A economista refuta a tese de populismo. Segundo ela, “Getúlio [Vargas] era das classes dominantes, e por isso, nesse caso, dava para discutir populismo, o que não cabe na situação de Lula, que é o próprio popular. Então, temos um governo extremamente popular que se deve a ele por sua identificação de classe, com os debaixo. Quando digo os debaixo não é com os metalúrgicos, é com a camada mais baixa mesmo, com aqueles que vieram do Nordeste...”. Conceição Tavares afirma que “é engraçado os que tentam explicar a popularidade de Lula pelo fato de ele também ter agradados os ricos”. Em sua opinião, “isso é uma besteira, os ricos são uma minoria escandalosa neste país”.

Na entrevista à revista da Fundação Perseu Abramo, Maria Conceição Tavares afirma que o grande desafio do PT é o de incorporar em seu programa as políticas sociais do governo Lula. Algo que segundo ela o partido tem dificuldade de fazer porque os “elaboradores do partido são todos intelectuais de classe média. E quem disse que classe média entende de povo?”, pergunta ela. “Que os intelectuais do partido queiram, com toda a razão, uma nação mais republicana, mais democrática, apontando para o socialismo, tudo bem, eu também quero. Mas precisam traduzir isso para uma linguagem inteligível para o povo”, afirma ela.

Na entrevista, a economista afirma ainda que é preciso rever as estratégias de mobilização social junto aos mais pobres. Em sua opinião, “não dá mais para repousar no movimento sindical, que é uma das espinhas dorsais do partido, também não dá mais para repousar na Igreja Católica, como todo o respeito que mereça, porque os pentecostais abrigam o subproletariado”.

Retirado do sítio do Instituto Humanitas Unisinos.

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