sábado, 1 de maio de 2010

1º de Maio: Os mártires de Chicago


O Dia Mundial do Trabalho, instituído pela Segunda Internacional em 1891, é uma homenagem a uma das mais famosas e violentas greves gerais da história, ocorrida cinco anos antes, em 1886, no coração industrial dos EUA da época; Chicago. Em primeiro de Maio de 1886, centenas de milhares de trabalhadores saíram às ruas em protesto contra as cavalares e inumanas jornadas de trabalho que chegavam as absurdas 15 horas.

Assim dizia o panfleto distribuído em Chicago nas primeiras horas da greve em primeiro de maio:

“A partir de hoje, nenhum operário deve trabalhar mais de 8 horas por dia: 8 horas de trabalho, 8 horas de repouso, 8 horas de educação.”

A hoje tão comum estratégia de ação direta da passeata por vias públicas e a greve geral não eram, à época, encaradas pelas autoridades como um meio pacífico e legal de reivindicação, denúncia de abusos e expressão de insatisfações e aspirações. A reação do governo norte-americano e dos patrões foi, evidentemente, bastante violenta. Além das milícias armadas contratadas pelos patrões para reprimir os piquetes, a Polícia e até o Exercito foram acionados para sufocar a greve. Resultado: diversos operários mortos e um número maior ainda de feridos, prisões arbitrárias, torturas, sindicatos fechados, bairros sitiados e ocupados pela polícia, julgamentos rápidos e falaciosos.

O estopim e o recrudescimento da repressão à greve geral se deram por causa da explosão de uma bomba que matou alguns policiais, em quatro de Maio daquele ano. É a partir desse evento que entra em cena os homens retratados na imagem acima; Auguste Spies, Adolf Fisher, George Engel, Albert Parsons, Louis Lingg, Samuel Fielden, Michael Schwab e Oscar Neebe, ou como ficaram mundialmente conhecidos, “Os mártires de Chicago”. Estes foram submetidos, como bodes expiatórios, a um ardiloso e manipulado julgamento. No final, um pouco mais de um ano depois da greve geral, quatro foram enforcados, um encontrado misteriosamente morto em sua cela, dois condenados à prisão perpétua e o último condenado a 15 anos de prisão. Somente anos depois, foi que a justiça americana reconheceu a inocência dos "Mártires de Chicago" e que eles, na verdade, não cometeram crime algum. O julgamento, desde o início, foi uma inescrupulosa armação.

A greve geral de 1886 em Chicago foi silenciada e encerrada sem vitória aparente dos trabalhadores. No entanto, dois anos depois daqueles violentos dias de Maio, a American Federation of Labor e outras organizações de cunho anarquista marcaram uma nova greve geral a se realizar em 1º de maio de 1890, ou seja, no mesmo dia da greve pelas 8 horas de trabalho de Chicago. Desde então, apesar dos esforços das autoridades e dos políticos burgueses americanos em desvincular o dia do trabalho da greve geral de Chicago de 1886, o primeiro de Maio passou a marcar, em todo ano, a homenagem e o luto por aqueles que foram injustamente feridos, perseguidos, condenados e mortos durante a greve geral de Chicago, sem igualmente esquecer os que continuaram a luta iniciada em 1º de Maio de 1886, cujo símbolo máximo são “Os Oito Mártires de Chicago”.


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