quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O que houve com o notável "universalismo" francês?


Pois vejam só, a França Iluminista, tão orgulhosa de seu universalismo, não cessa de revelar a crueza provinciana e eurocêntrica de suas pressuposições políticas e identitárias. Em tempos de crise, a história do século XX já nos ensinou, os homens perigosos e apaixonados pelo poder adoram desviar a atenção dos verdadeiros problemas e das reais responsabilidades, de maneira a obter ganho político através da polemização em cima de grupos estigmatizados, alvos fragéis nos quais possam direcionar seu ódio e ressentimento. Assim acontece, hoje, com os ciganos na França. Antes foram com os mulçumanos, a polêmica em torno da burca, os imigrantes africanos, arábes, os naturalizados, os habitantes das periférias etc.

No entanto, a lógica do cálculo aqui não é apenas o caráter étnico. O que mais búlgaros, romenos, albaneses, senegaleses e marroquinos tem em comum? Todos são imigrantes, ou descendentes, pobres, habitantes de bairros pobres e estigmatizados como "menos" franceses. 

O cerco fascista avança em vedar aos imigrantes e estrangeiros pobres qualquer tipo de auxílio que favoreça e facilite sua permanência nas terras de Voltaire. Aqueles que, não nascido em França, atentarem contra à Ordem e à Segurança nacional poderão perder sua nacionalidade, bem como, os filhos de pais estrageiros, nascidos em solo francês, uma vez condenados à prisão, não poderão obter a nacionalidade francesa. Assim, criam-se nacionalidades que valem mais do que outras; uns mais "puras" e intocáveis e outras "emprestadas", postiças, descartáveis.

O charmoso universalismo francês caminha à passos largos para a odiosa e preocupante limpeza étnica e social. Que, pensaria, pois, da França atual os enciclopedistas do século XVIII?

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